O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, defendeu ontem os gastos, inclusive de recursos públicos, com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento católico que será realizado no Rio na próxima semana, com a presença do papa Francisco.
A Folha mostrou neste domingo que o encontro de jovens da igreja tem um custo estimado entre R$ 320 milhões e R$ 350 milhões.
Dom Odilo afirmou que grande parte da Jornada será bancada pelas inscrições pagas pelos participantes, mas disse ser impossível realizar um “evento de massas” sem apoio do poder público.
A igreja espera que até 2 milhões de pessoas participem da Jornada. Entre as atribuições do governo, disse o cardeal, estão providenciar segurança e “socorro para situações de emergência”: “O papa, além de líder religioso, é chefe de Estado”.
Para o arcebispo, as despesas com a Jornada são “bem-vindas”, e o evento “injetará sangue novo” para ajudar a economia brasileira.
“Não são despesas pagas a alguém que vai levar embora esse dinheiro. Esse dinheiro é derramado no Brasil. Está gerando impostos, trabalho e assim por diante. É, sem dúvida, uma injeção de sangue na economia”, declarou.
MANIFESTAÇÕES
Dom Odilo afirmou que os protestos de rua que acontecem desde junho no Brasil, com participação maciça da juventude, devem ter um impacto positivo na Jornada.
“O papa certamente terá palavras para as questões levantadas pelos jovens, por suas muitas insatisfações ou buscas, mas também por seu grande desejo de participar das mudanças. Eles podem esperar do papa Francisco palavras que os orientem”, disse o arcebispo.
O cardeal elogiou a participação da juventude nas manifestações, desde que não sejam “violentas ou anárquicas”, e creditou os protestos a uma “tomada de consciência política”.
“Existe um clamor generalizado por maior transparência, honestidade, com políticas sociais mais dirigidas às realidades da população”, afirmou. Informações da Folha