Nesse domingo, em Brasília, foi programada uma manifestação supimpa. Vão ocupar as ruas os cães e cachorros que, juntamente com seus donos, irão mostrar que o gigante, de fato, acordou. A cãominhada vai exigir da presidente Dilma a construção de hospitais veterinários públicos e mais respeito ao melhor amigo do homem. O atendimento da voz rouca das ruas precisará de mais dinheiro. Verbas só podem ser obtidas de duas maneiras: aumento de impostos ou redução de despesas.
O aumento de impostos tem unanimidade contra. Resta ao executivo reduzir custos ou reduzir investimentos. As despesas de capital já são pequenas – 0,2% do orçamento federal – portanto só restam como alternativa a redução das despesas em custeio o pessoal.
As demandas populares podem aumentar os gastos em saúde em R$ 40 bilhões (10% da receita corrente líquida), em transporte em R$ 3,9 bilhões (isenção de tributos como PIS/Cofins) e em compensações em R$ 6,9 bilhões (FPE dos estados devido as desonerações). Se a cãominhada se tiver sucesso em suas manifestações vai agravar ainda mais a situação.
O Governador de São Paulo já deu o caminho das pedras. Vai vender o helicóptero e extinguir 2.000 cargos comissionados. A presidente da república ainda não piscou. Nem tampouco o legislativo e o judiciário com suas benesses escandalosas. Reduzir cargos comissionados, gastos excessivos com passagens, diárias e outros penduricalhos podem não ser suficientes para pagar os gastos adicionais, mas certamente ajudarão a responder ao grito rouco das ruas.
O resto deverá ser obtido com o aumento da produtividade nos serviços prestados pelo Estado. Os médicos devem cumprir seus plantões, os professores devem reduzir suas licenças médicas e a polícia militar revisar sua escala de trabalho. Pode parecer lugar comum mas só há uma saída: fazer mais com menos.
(*) Ricardo Penna é Arquiteto, PhD Planejamento Regional, Fotógrafo (CB 1971, Estadao 72/73, Veja 74)