Cerca de 200 médicos, segundo a Polícia Militar, protestam contra a contratação de profissionais do exterior sem prova de revalidação, na tarde desta sexta-feira (28), em Brasília. O grupo se concentrou em frente ao prédio do Conselho Regional de Medicina, na W3 Sul, e iniciou uma caminhada até o prédio do Ministério da Saúde, por volta das 15h30.
Os manifestantes afirmam que não faltam profissionais no país. “O que falta é infraestrutura. E não é aparelho para exames complexos. É algodão, gaze, seringa, esparadrapo”, afirmou a médica Julianne Maia.
Segundo ela, o movimento não é contra a contratação de médicos do exterior. “Só queremos que se cumpra a revalidação, que já existe, pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da educação. Queremos que eles façam essa prova para atuar no país”, disse Julianne.
“Nós não estamos precisando de médicos de fora. Precisamos de infraestritura, de equipamentos e de respeito. Mas se vierem os médicos, que eles façam a capacitação necessária. Lá fora, a carga horária [do curso de medicina] é de 5 mil horas, aqui no Brasil é de 7 mil [horas de carga horária]”, afirmou o presidente do CRM-DF, Iran Augusto.
A maior parte dos manifestantes é composta por recém-formados. “Há muitos médicos jovens porque somos nós que estamos indo para o interior e vendo essa realidade, onde falta infraestrutura e os médicos não recebem os salários”, afirmou a médica.
Manifestação
Os participantes do protesto começaram a se reunir no início da tarde desta sexta em frente ao prédio do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). O ato foi organizado pela entidade e pela Associação Brasiliense de Médicos Residentes (Abramer).
Segundo o médico Thiago Viegas, 1,5 mil médicos confirmaram a participação no protesto.
Durante a caminhada em direção à Esplanada dos Ministérios, os manifestantes pediram por melhorias na infraestrutura da saúde na capital federal.
Um grupo de estudantes de medicina percussionistas acompanhou o protestos. Entre os gritos entoados, estavam “Não é mole, não. Não tem dinheiro pra saúde e educação” e “Hey, Dilma. Vai tratar no SUS”.
Os manifestantes permaneceram durante meia-hora em frente ao prédio do Ministério da Saúde. Eles chamaram o ministro Alexandre Padilha para conversar, mas não foram atendidos por ninguém da pasta.
durante manifestação (Foto: Lucas Nanini/G1)
Pouco depois das 18h, o grupo seguiu para frente do Palácio do Planalto. O presidente do CRM-DF, Iran Augusto, conversou com um assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República sobre as reivindicações dos manifestantes.
“Ele perguntou se a gente tinha um documento em mãos. Nós dissemos que tínhamos. Ele nos entregou um cartão, e nós vamos entrar em contato, mandar um e-mail, para agendar uma reunião”, disse Augusto.
Durante o tempo em que ficaram em frente ao Planalto, os manifestantes cantaram o hino nacional, deram às mãos e se deitaram no chão. O protesto terminou às 18h40. O grupo se dispersou nas imediações do Palácio do Planalto.