As manifestações que se espalham pelo Brasil contra a corrupção no país parecem ter surtido efeito em algumas regiões. Em pelo menos quatro capitais brasileiras foi anunciado a redução da tafira de transportes – Recife, Cuiabá, Porto Alegre e João Pessoa. Pelotas (RS) também conseguiu redução. Em outros municípios, grupos de manifastantes continuam a tentando aproximação com as prefeituras locais para negociar redução no preço da passagem de ônibus.
Além de serem contra o aumento da tarifa do transporte público, mais de 250 mil pessoas foram às ruas nesta segunda-feira defender recursos para a saúde e educação e o combate à corrupção. Novas manifestações estão marcadas para ocorrer ainda esta semana.
Em Cuiabá, capital de Mato Grosso, também terá redução da tarifa em R$ 0,10 (de R$ 2,95 passa para R$ 2,85). De acordo com a prefeitura, a redução está baseada na proposta do governo federal, que abate impostos das empresas de transporte coletivo.
Em Pernambuco (Olinda e Jaboatão), o governador Eduardo Campos (PSB) anunciou que a tarifa vai cair de R$ 2,25 para R$ 2,15, a partir da próxima quinta-feira. “A decisão não é para acalmar os ânimos”, afirmou o governador, possível candidato ao governo federal.
Em João Pessoa, na Paraíba, também ocorrerá redução. O município de Pelotas também redizirá valor. Já em Porto Alegre (RS), o prefeito José Fortunati disse que vai enviar nesta terça-feira à Câmara Municipal um projeto de lei para reduzir a tarifa para R$ 2,80 (a tarifa na capital gaúcha era de R$ 3,05 e atualmente está fixada em R$ 2,85). O prefeito também vai aplicar a isenção do PIS/Pasep e Cofins prevista na MP 617.
‘São Paulo não tem receita para sibsidiar passagem’
Mais de 200 mil foram às ruas em pelo menos nove capitais e no Distrito Federal nesta segunda-feira em uma das maiores mobilizações no País desde o Fora Collor, em 1992. No Rio, embora a passeata que reuniu mais de 100 mil pessoas tenha sido tranquila, o protesto terminou com conflito entre PMs e manifestantes na Assembleia Legislativa e um ficou ferido. Em São, manifestantes tentam invadir o prédio do governo do estado. Em Brasília, em uma ação inédita, os manifestantes furaram o bloqueio da polícia e subiram no teto do Congresso. Após o corre-corre, o acesso foi liberado e eles ficaram por cerca de cinco horas.
Os moradores de São Paulo devem ter mais trabalho para conseguiur reduzir as passagens. Em reunião com líderes do Movimento Passe Livre (MPL), o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, informou que o município não tem receita para subsidiar ainda mais as tarifas do transporte público, que subiu de R$ 3 para R$ 3,20 no início do mês.
‘Meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança’
A presidenta Dilma Rousseff se pronunciou nesta terça-feira sobre as manifestações desta segunda-feira. Durante discurso no Palácio do Planalto, Dilma afirmou que o governo “está ouvindo essas vozes pela mudança”. “Eu quero dizer que o meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. Meu governo está empenhado e comprometido com a transformação social”, afirmou, durante solenidade de lançamento do projeto do marco regulatório da mineração.
O coordenador de Responsabilidade Social da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Federico Addiechi, defendeu o direito dos brasileiros de protestar, mas condenou atos de violência nas manifestações. Um dos motivos que levaram a protestos em várias capitais brasileiras é, segundo manifestantes, o gasto público excessivo com a Copa do Mundo da Fifa de 2014.
‘Milhões se reúnem’, destaca imprensa internal
O porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Rupert Colville, afirmou nesta terça-feira, em uma coletiva de imprensa em Genebra, que as Nações Unidas receberam relatos sobre “uma série de danos, ferimentos, prisões e detenções, incluindo o de jornalistas que cobrem os eventos”. Citando as manifestações populares no Brasil, Colville afirmou que “algumas organizações da sociedade civil têm também denunciado a arbitrariedade de algumas dessas detenções”.
As manifestações que se espalham pelo Brasil mostrando insatisfação da população foram manchetes nesta terça-feira na imprensa internacional. O jornal americano “The New York Times” fala de milhares de manifestantes nas ruas brasileiras, contra o alto custo de vida e os gastos com os estádios de futebol. Os protestos que ganharam o Brasil e já foram feitos até fora do país são descritos como “as maiores manifestações das últimas décadas”.