Chico apoia manifestações pacíficas, mas repudia ataques à profissionais da imprensa

A onda de protesto que tomou as ruas do país nos últimos dias foi o tema do comunicado de líderes do deputado Chico Vigilante, líder do Bloco PT/PRB, na sessão ordinária desta terça-feira (18). Ao tempo em que reconheceu a legitimidade das manifestações que ocorreram em 12 cidades do país, na noite dessa segunda-feira (17),  o parlamentar repudiou os ataques aos prédios públicos e aos  profissionais de imprensa que foram hostilizados por grupos de manifestantes em algumas cidades.  

Chico Vigilante recordou as primeiras manifestações que ele participou, como líder de movimento sindical, no final da década de 70 e início dos anos 80 para a retomada da democracia no país, quando o Brasil ainda estava sobre o regime da Ditadura militar. “A gente tinha como objetivo tirar o Brasil da Ditadura Militar e trazer a democracia para o nosso país. Embutida ali estava a luta pela reforma agrária, pela diminuição da jornada de trabalho, o direito básico da luta dos trabalhadores”, relembrou o parlamentar.

Portanto, observou ele, os objetivos eram muito claros. “Como brasileiros nós conseguimos derrubar a Ditadura. Grandes manifestações aconteceram pelas eleições diretas. Lembro-me do dia da votação efetiva, quando cerca de cinco mil pessoas fizemos um cordão de isolamento no Congresso Nacional para proteger aquela instituição das forças reacionárias que queriam invadir o local”.

Em relação às manifestações que estão acontecendo no país, Chico observou que falta foco, pois, não tem uma bandeira e nem lideranças com quem as forças policiais possam fazer o diálogo. “O que é fundamental nessas manifestações”, ressaltou.

Ainda recordando movimentos políticos do passado, o parlamentar destacou que os manifestantes, naquela época, respeitavam os profissionais de imprensa, mesmo sendo contra determinadas empresas de comunicação.  “Nós não concordávamos com os donos dos jornais, com o dono da Rede Globo, mas tínhamos o maior respeito pelos profissionais de imprensa. Lembro um dia quando disseram que iam atacar a equipe da TV Globo, naquele momento, eu designei alguns vigilantes para que o carro da Globo não fosse apedrejado. Nós fizemos um cordão de isolamento para proteger os profissionais da emissora”, recordou.  

Para Chico, apesar de não concordar com o que o jornalista escreve, com a orientação do dono do jornal, é fundamental que a imprensa livre exerça o seu papel e seja respeitada.    

Em defesa do repórter Caco Barcelos, que sofreu um ataque dos manifestantes ontem, sem poder realizar o seu trabalho, o deputado observou que não achou certo o que fizeram o com o profissional, “um dos jornalistas mais respeitados e éticos desse país. Ele, inclusive, implantou o programa Profissão Repórter, que é uma verdadeira escola de jornalismos para aqueles que estão iniciando na profissão”, enfatizou.

Para Chico Vigilante, a paciência, a tolerância, o respeito tem que existir em qualquer manifestação. “O direito de se manifestar é legítima e eu apoio. Mas tolerância é. Não é agredindo jornalistas, não é apedrejando prédios públicos que vamos mudar nada neste país”, ressaltou.

Segundo ele, mesmo quando milhares de pessoas foram às ruas em 1984, no movimento Diretas Já, o respeito era um dos princípios fundamentais. “Nós colocamos milhões de pessoas nas ruas e não tinha uma única depredação. Foi assim que derrubamos a Ditadura, com o povo inteiro se manifestando nas ruas, de maneia pacífica, de maneira ordeira e, acima de tudo, de maneira respeitosa”, destacou Chico.

E destacou ainda o ataque dos manifestantes ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. “Não concordar com determinados deputados estaduais do Rio de Janeiro é legítimo, mas não podemos aceitar aquele quadro terrível que foi submetido àquela instituição no dia de ontem. Até porque, homens e mulheres que compõem os poderes passam, mas as instituições ficam. E a instituição é fundamental para a preservação da democracia”, afirmou.

Ainda segundo Chico Vigilante, os avanços na educação, na saúde, na reforma agrária só foi possível através da conquista da Democracia. “Fica aqui a minha solidariedade às pessoas que manifestaram de forma pacífica e de maneira ordeira, mas também fica aqui a minha solidariedade aos profissionais que foram agredidos de maneira irracional por uma pequena minoria de um movimento legítimo, de um movimento democrático”.

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