A implantação de chips em árvores pode ser a solução para as restrições impostas há quase três meses pelos importadores da União Europeia (UE) à madeira e produtos derivados da Amazônia, para impedir a comercialização de mercadorias oriundas do desmatamento ilegal. Eles passaram a exigir documentos que comprovem a origem legal do produto. No Pará, maior produtor de madeira nativa do Brasil, estima-se que 70% da comercialização tem fonte ilegal. Por isso, a Regulamentação Madeireira da União Europeia, que começou a vigorar no dia 3 de março desse ano, é vista como um reforço para os órgãos de fiscalização no combate à exploração irregular em solo paraense, principalmente pelo fato de o mercado europeu, ao lado do norte-americano, ser o maior comprador da mercadoria do Estado.
De acordo com Hildemberg Cruz, secretário adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), o órgão está empenhado em atender essas exigências da União Europeia, por isso, trabalha uma série de reformulações e na sua estrutura para aperfeiçoar o seu controle e monitoramento.
A primeira medida analisada é implantar o novo Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), intitulado Sisflora 2. “A nossa ideia para aperfeiçoar melhor esse controle é implantar chips nessas árvores que vão ser autorizadas, para que a gente saiba o que foi monitorado em campo e também quais são as toras que foram exploradas nas áreas de manejo e se elas estão devidamente depositadas nas indústrias que compraram essas toras. É uma inovação nesse plano de controle. A gente não consegue hoje acompanhar se a árvore que foi autorizada é mesmo aquela que está na indústria”, revela.
Ainda segundo Hildemberg, atualmente, a informação de que 70% dos créditos que são comercializados no Estado vêm de alguma fonte ilegal é passível de discussão, mas pode servir como referência. “A gente quer fazer com que esse percentual de ilegalidade realmente reduza. É aí que essa questão da exigência do mercado vai ser uma coisa fundamental para os órgãos ambientais também pressionarem os empresários que exploram madeira”, avalia.
Sobre a implantação dos chips nas árvores, ele explica que o órgão está analisando a proposta e a ideia já foi apresentada em reunião com o setor madeireiro. O investimento não é caro. Cada chip custa entre 20 e 40 centavos. Dependendo da quantidade, é possível comprar até por 15 centavos. “Ele vai ser colocado na base da árvore e também nas toras de madeira que estão sendo transportadas. Vão conter o plano de manejo, quem é responsável por aquela área, e onde fica essa área. Vai ser possível verificar se essa árvore foi realmente retirada daquela área de produção autorizada”, explicou o secretário adjunto da Sema. Informações de O Liberal