A vitória apertada do candidato governista Nicolás Maduro gerou um clima de incertezas na Venezuela. A euforia dos venezuelanos que foram às ruas celebrar a vitória do herdeiro político de Hugo Chávez contrasta com o sentimento de parte dos chavistas, preocupados com a força da oposição demonstrada no pleito de domingo e com o pedido de recontagem de votos do rival Henrique Capriles. Além de pedir a recontagem total dos votos, a oposição reconquistou a vantagem perdida em oito estados e 11 capitais na última eleição, lançando dúvidas se o chavismo pode sobreviver sem a presença de Hugo Chávez.
Segundo o primeiro boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ainda que Henrique Capriles tenha perdido a batalha nacional por uma diferença mínima de 235 mil votos, o líder da oposição ganhou um terreno enorme no âmbito regional ao sair vitorioso em oito dos estados mais povoados. A oposição reconquistou os estados Anzoátegui, Bolívar, Miranda, Nueva Esparta, Lara, Táchira, Mérida e Zulia. Repetiu a conquista de outubro passado em Los Andes e recuperou espaços importantes que eram antigos bastiões dos opositores, de acordo com informações do jornal venezuelano “El Nacional”.
O avanço pelo interior do país, no entanto, não desanimou Capriles de ainda lutar pelo Palácio de Miraflores. Poucos minutos após o anúncio da vitória de Maduro, o candidato da oposição não reconheceu o resultado das eleições e afirmou que espera a recontagem de votos pelo CNE. Maduro teve 50,66% dos votos, contra 49,07% de Capriles, que denunciou mais 3.200 irregularidades durante as eleições.
O chefe do comando da campanha chavista, Jorge Rodríguez, assegurou, porém, que a exigência da recontagem total dos votos feita por Capriles é inviável e pediu que a oposição reconheça a “pequena diferença” obtida pelo candidato governista.
A vitória com gosto de empate também foi sentida pelos chavistas dentro do Palácio de Miraflores, que celebraram a eleição de Maduro com um “ar de tristeza”, segundo o jornal “El Mundo”. O herdeiro de Chávez terá agora de enfrentar desafios políticos e econômicos, denúncias de corrupção, protestos da oposição, críticas internas e tentar manter a unidade do chavismo que será colocada à prova. Informações de O Globo, com agências internacionais.