Por Dilma, PT deve ceder nos estados em 2014

Fernanda Krakovics, O Globo

 Além da reeleição da presidente Dilma Rousseff, que, obviamente, é  prioridade máxima, a meta do PT para as eleições do ano que vem é eleger mais de  cem deputados federais — hoje são 88 — e aumentar a bancada de senadores de 12  para 20. Quanto aos governos estaduais, a orientação é abrir mão de candidatura  própria para apoiar aliados, onde o partido não tiver nomes fortes, em troca de  apoio na eleição presidencial.Como disse o ex-presidente Lula em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, publicada quarta-feira, “a prioridade em todos os estados é reeleger Dilma”. Ou  seja, o partido dará continuidade à estratégia adotada desde 2006, na campanha  da reeleição de Lula no rastro do escândalo do mensalão: priorizar a disputa  presidencial e deixar as eleições estaduais em segundo plano. Isso deve  acontecer, por exemplo, no Ceará, onde o PT pretende apoiar o senador Eunício  Oliveira (PMDB) para governador; e no Amazonas, o líder do governo no Senado,  Eduardo Braga (PMDB).Mas para não ficar totalmente dependente dos mesmos aliados no plano  nacional, no Congresso, o PT investirá na campanha de deputados e senadores,  para dar uma sustentação mais folgada a um eventual segundo mandato de Dilma.  Para diminuir essa dependência dos aliados, o objetivo é manter-se como a maior  bancada na Câmara e tornar-se a maior no Senado. Se for bem-sucedido, o PT  poderia, então, ter a presidência das duas Casas a partir de 2015.Além de passar em revista os cenários estaduais, em reunião na última  segunda-feira, o presidente do PT, Rui Falcão, e os presidentes regionais do  partido discutiram a conjuntura nacional. Apesar de estarem preocupados com a  movimentação do candidato virtual do PSB, governador Eduardo Campos (PE), e com  a simpatia do empresariado por ele, a avaliação no PT é que ele não deverá ter  palanques fortes nos principais colégios eleitorais: São Paulo, Belo Horizonte e  Rio.

Quanto ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), os petistas apostam que,  considerando o cenário atual, ele não conseguirá unir seu partido, o que, na  avaliação deles, prejudicará sua campanha. E se deleitam com as “cotoveladas” trocadas entre o mineiro e o ex-governador de São Paulo José Serra.

Já a análise feita sobre a ex-senadora Marina Silva é que seu projeto de  criar um novo partido, o Rede, está pouco consolidado. Na avaliação dos  petistas, sua organização é “muito frágil”. Eles atribuem o segundo lugar de  Marina nas pesquisas ao recall das eleições de 2010, quando ela teve cerca de 20  milhões de votos para presidente. A ex-senadora aparece com 16% em pesquisa  Datafolha divulgada no último dia 23.

Nos estados, há preocupação no PT com governos comandados atualmente pelo  partido. É o caso, por exemplo, do Rio Grande do Sul, onde o governador Tarso  Genro (PT) disputará a reeleição. Sua administração tem sido mal avaliada devido  a problemas nas finanças do estado, de segurança pública e desgaste com os  professores, que não estão recebendo o piso nacional do magistério.

Também há desgaste nas administrações petistas de Jaques Wagner, na Bahia,  que não pode mais disputar a reeleição, e Agnelo Queiroz, que está no primeiro  mandato no governo do Distrito Federal, e tem uma reeleição difícil. Nesses  lugares, a preocupação maior é montar um palanque para Dilma, mesmo que não haja  chance real de vitória local para o partido.

Rio será exceção por causa de Lindbergh

Uma exceção na política de agradar os aliados, priorizando a reeleição de  Dilma, deverá ser o Rio. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) será candidato a  governador, contrariando o PMDB, que lançará o vice-governador Luiz Fernando  Pezão. Dirigentes nacionais do PT afirmam que não têm como impedir a candidatura  de Lindbergh, já que o PT do Rio abriu mão de concorrer, para apoiar o PMDB, nas  duas últimas eleições para governador. E que, como o petista aparece na frente  de Pezão nas pesquisas, não há argumento para implodir sua candidatura. O  esforço será para que a disputa não deixe sequelas.

No caso de São Paulo, o ex-presidente Lula defende que o PT abra mão da  cabeça de chapa para apoiar um eventual nome de outro partido, como o PMDB, que  agregue mais apoios do que um petista. Mas essa saída encontra forte resistência  no PT. E o PMDB ainda não tem esse candidato forte.

Em Minas, o PT lançará para o governo o ministro Fernando Pimentel  (Desenvolvimento). Com a candidatura de Aécio à Presidência da República, o PT  está otimista quanto às chances de vitória, já que o PSDB não tem um nome forte  para a disputa. O governador Antonio Anastasia (PSDB) já foi reeleito e não pode  disputar de novo.

A provável candidatura presidencial de Eduardo Campos deve bagunçar um pouco  a formação dos palanques de Dilma em alguns estados. Em Pernambuco, onde PT e  PSB eram aliados até as eleições municipais do ano passado, os petistas lançarão  um nome só para garantir um palanque para ela.

A engenharia mais difícil será no Ceará, onde PT, PMDB e PSB discutem a  formação de uma chapa, com Eunício Oliveira na cabeça. O problema é que os  irmãos Gomes — governador Cid e o ex-ministro Ciro, ambos do PSB — já declararam  que apoiam a reeleição de Dilma, a despeito das pretensões eleitorais de Eduardo  Campos.

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