Campos emprega primos no governo de Pernambuco

Chico de Gois, O Globo 

 Uma estrela em ascensão que tem causado irritação no PT e euforia  em setores do PSDB, o governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB à  Presidência, Eduardo Campos, começa a ter seu telhado atingido por pedras.  Campos, que tem percorrido o país para dizer que pode fazer mais e melhor, além  de criticar velhas práticas políticas, mantém em seu governo pelo menos uma  dezena de primos e parentes de sua mulher.

 Além disso, em cargos importantes, como no Tribunal de Contas do Estado (TCE)  e na Procuradoria Geral do Estado, há três integrantes indicados por ele que  gravitam na esfera de parentesco. Ele nega que pratique nepotismo. De fato, não  há ilegalidade nas nomeações.

Renata Campos de Andrade Lima, primeira-dama e coordenadora do Conselho do  Programa Mãe Coruja — uma iniciativa do governo do estado, lançada em outubro de  2007, para atender grávidas e crianças até 5 anos a fim de reduzir os índices de  mortalidade materna e infantil —, levou a irmã para auxiliá-la na tarefa. Ana  Elisabeth de Andrade Lima Molina, médica de carreira da Secretaria da Saúde, foi  promovida a diretora-geral de Gestão do Cuidado e das Políticas Estratégicas da  Secretaria da Saúde e atua na coordenação do comitê executivo do programa.

Ana Elisabeth, por sua vez, arrumou empregos para os filhos, Rodrigo e  Marcela. Rodrigo de Andrade Lima Molina ocupava, até dezembro de 2012, o cargo  de gerente-geral do gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Com a  eleição de Geraldo Júlio, ex-secretário da pasta, para a Prefeitura de Recife,  ele o acompanhou.

Marcela de Andrade Lima Molina foi nomeada gerente de assessoria técnica na  Secretaria estadual de Governo. Entre 10 e 26 de março do ano passado, obteve  autorização para acompanhar a mãe, Ana Elisabeth, a Havana, em Cuba, na comitiva  do Mãe Coruja que foi conhecer a ilha dos irmãos Castro e trocar  experiências.

Secretário nega nepotismo

O secretário de Comunicação do governo de Pernambuco, Evaldo Costa, negou que  haja ilegalidade na contratação dos primos e afirmou que o governador não  pratica nepotismo. Diz que o governo do estado foi o primeiro a aprovar uma lei  que proíbe a contratação de parentes em toda a máquina pública, em 2007, muito  antes da iniciativa do governo federal, em 2010.

Para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), responsável por fiscalizar as  contas do governo e apontar possíveis irregularidades, Eduardo Campos indicou  dois primos da mulher dele: Marcos Loreto e João Campos. E o procurador-geral do  Estado, Thiago Arraes Alencar Norões, é outro primo. O pai dele, o poeta e  economista José Everardo Norões, também foi do Conselho de Administração da  Compesa.

Sobre os dois integrantes do TCE, o secretário Evaldo Costa observou que os  nomes passam pelo crivo da Assembleia Legislativa. O procurador-geral do Estado,  disse, é de um ramo distante da família, da região do Crato, no Ceará, não tendo  um parentesco direto. Já o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, é um técnico do  TCE que tem qualificação para ocupar o posto.

Também ocupa cargo de confiança no governo estadual o ex-marido de Ana  Elisabeth, irmã da primeira-dama. Aurélio Molina da Costa é servidor estatutário  da Secretaria de Educação, mas foi alçado ao posto de gerente de atividades da  pasta. Ana Elisabeth é funcionária pública concursada e tem posto de comando na  Secretaria de Saúde.

— Só porque é irmã da Renata não pode ocupar cargo superior? — questiona o  secretário de Comunicação, aproveitando para dizer que ex-cunhado não é parente,  caso de Aurélio Molina da Costa.

O tio do governador, Marcos Arraes de Alencar, por indicação de Eduardo  Campos, é diretor de Administração e Finanças da Hemobrás, a estatal federal de  hemoderivados, que tem sede em Pernambuco. A mulher de Marcos Arraes, Carla  Santos Ramos Leal, trabalha na Gerência de Assessoramento Superior do gabinete  do governador. O filho do casal, Arthur Leal Arraes de Alencar, primo de Eduardo  Campos, até o final do ano passado trabalhou no apoio técnico operacional do  distrito de Fernando de Noronha.

Segundo o auxiliar do governador, o pai da primeira-dama, o médico  gastroenterologista Cyro de Andrade Lima, não é mais do Conselho de  Administração da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), cargo que  ocupou até 2011.

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