Dólar passa de R$ 2 e mercado aguarda intervenção do BC

 O dólar comercial engatou forte valorização no início da tarde desta  quinta-feira e ultrapassou a barreira psicológica de R$ 2, considerada por  operadores um teto admitido pelo Banco Central. Por volta de 16h10m, a moeda  americana subia 0,70%, a R$ 2,004, primeira ultrapassagem de R$ 2 desde 28 de  janeiro deste ano. Na máxima do pregão, a divisa chegou a R$ 2,011.

— Hoje é resultado de uma mistura que não é interessante: mau humor com o  Brasil de investidores estrangeiros, estresse nos últimos dias com temores de um  rebaixamento de rating do Brasil e toda essa preocupação com o Chipre que  contamina os mercados globais. Bolsa despencando, com juros e dólar subindo,  lembra um país que não víamos há um bom tempo — disse Gustavo Godoy, gerente de  tesouraria do banco Daycoval.

— Com o fluxo cambial negativo (saída maior do que entrada de dólares), fica  mais fácil para o mercado testar o dólar a R$ 2 — disse Luciano Rostagno,  estrategista do banco WestLB do Brasil.

Um operador de banco estrangeiro complementa: — O cenário externo com a crise  no Chipre pesou e essas intervenções do governo em diversos setores fazem o  estrangeiro tirar o pé dos investimentos.

A disparada do dólar ocorreu pouco depois de o ministro da Fazenda, Guido  Mantega, voltar a opinar sobre a cotação da moeda americana, durante depoimento  na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele disse que a atual taxa de  câmbio é mais competitiva e estima o setor de manufaturados.

— O câmbio estava muito valorizado. Mas hoje não está muito valorizado — disse Mantega.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em queda na manhã desta  quinta-feira. O movimento acompanha as perdas nos mercados europeus enquanto o  presidente do Chipre trabalha em um acordo para obter um pacote de resgate da  zona do euro e evitar a insolvência. O Ibovespa, principal referência do mercado  brasileiro, apresentava queda de 0,29%, aos 55.869 pontos.

— Por enquanto o mercado aguarda um plano B para o Chipre. Há muita  especulação sobre uma ajuda da Rússia — disse Luís Gustavo Pereira, estrategista  da corretora Futura.

Após um dia de fortes perdas, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto)  da Cemig conseguiam recuperação parcial. Os papéis tinham uma das maiores altas  do Ibovespa, de 2,20%, a R$ 22,69, e a valorização era acompanhada por diversas  ações do setor elétrico.

Entre as ações mais negociadas da Bolsa, Petrobras PN recua 0,47%, a R$  18,76, enquanto Vale PNA perde 0,27%, a R$ 32,96. Ordinárias (ON, com voto) da  OGX Petróleo apresentavam forte alta, de 4,96%, a R$ 2,75.

Juros futuros são negociados em queda na Bolsa de Mercadorias e Futuros  (BM&F). Contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro  de 2014 recuam para 7,78%, de 7,81% no fechamento do dia anterior. Já os  contratos DI com vencimento em janeiro de 2015 caem de 8,54% para 8,51%. O  retrocesso indica apostas menores na magnitude da valorização esperada para a  taxa básica de juros, a Selic.

Na Europa, o FTSE 100 recua 0,86% em Londres. Em Paris, o CAC 40 perde 1,44%,  enquanto o DAX sofre queda de 1,14% em Frankfurt. Em Madri, o IBEX 35 perde  1,27%, enquanto o FTSE MIB de Milão retrocede 0,56%.

As bolsas asiáticas fecharam em comportamento divergente. Enquanto o índice  Nikkei, de Tóquio, subiu 1,34%; o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,14%. Informções de O Globo.

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