A estratégia não é nova: desde 2003, quando a Fifa praticamente extinguiu as oportunidades de seleções não-europeias disputarem amistosos em seus países, a seleção brasileira tem jogado partidas cujos organizadores tentam maximizar o interesse do público pelos dois times em campo. Diferente dos tempos em que a equipe estava recheada de ídolos globais, porém, o recurso de usar a popularidade adversária ganhou mais prioridade numa fase marcada por renovação e prestígio abalado, e nos últimos três anos a seleção tem procurado cada vez mais os torcedores do outro lado.
O amistoso desta quinta-feira contra a Itália é um exemplo. Ao mesmo tempo em que Genebra e outras cidade suíças vêm sendo utilizadas por uma série de seleções por razões logísticas e financeiras (em 2009, por exemplo, sediou Argentina x Inglaterra), no caso brasileiro há a vantagem dupla de um colônia expatriada considerável – pelo menos 50 mil pessoas, segundo estimativas das autoridades consulares brasileiro – e o fato de Genebra não só contar com uma diáspora italiana como ainda estar a poucas horas de carro da fronteira italiana.
Não será surpresa,então, se os 30 mil lugares do Stade Geneve estiverem tomados amanhã. Mas nem sempre a estratégia funciona. Contra adversários de menor expressão, a seleção tem encontrado problemas para jogar em estádios cheios na Europa. Um exemplo recente foi a partida contra o Iraque, em outubro do ano passado. Malmö, na Suécia, foi escolhida por abrigar um grande número de imigrantes do país árabe. Mas apenas 14 mil dos 21 mil lugares estavam ocupados.
A seleção também esteve na Suíça (Saint-Gallen) em 2012 para enfrentar a Bósnia, aproveitando uma grande presença de imigrantes bósnios que tomaram o rumo suíço após a Guerra Civil na Antiga Iugoslávia. Em 2010, foi à pequena Derby, na Inglaterra, para um jogo com a Ucrânia, em que uma colônia da ex-república soviética era a promessa de boa procura por ingressos. No entanto, apenas 13 mil pessoas estavam em Pride Park, arena com capacidade para 33 mil.
Ao mesmo em que o futebol brasileiro ainda desperta fascínio no exterior, é inegável que a ausência de grandes ídolos cria dificuldades. Mas alguns episódios de espaços vazios podem ser atribuídos diretamente a erros de promotores e organizadores. Ainda na era Dunga, em 2007, um amistoso com a Turquia foi marcado para a cidade alemã de Dortmund contando com o interesse da diáspora turca no país. No entanto, preços altos de ingressos e erros de divulgação (como a falta de material em turco) resultaram em baixo público (30 mil para um estádio em que cabem mais de 80 mil).
Reunir adversários de qualidade em centros com boa presença dos dois times envolvidos ainda parece a melhor fórmula. Quando enfrentou Argentina, Portugal e Itália em Londres, seleção teve casa cheia. O amistoso de segunda-feira contra a Rússia, também na capital inglesa, poderá ser outro exemplo. Tanto pelo fato de que Londres vem registrando um aumento no número de expatriados russos depois do endurecimento de dois mandatos da administração de Vladmir Putin quanto pela escolha de uma arena menor – Stamford Bridge, o estádio do Chelsea, tem capacidade para 42 mil pessoas, em vez das 60 mil que comporta o Emirates, do Arsenal, usado varias vezes pelo Brasil. Informações do Uol.